Agentes federais apreendem antenas da Starlink em garimpo ilegal controlado pelo PCC na Terra Yanomami

Agentes federais apreendem antenas da Starlink em garimpo ilegal controlado pelo PCC na Terra Yanomami

Foto: Ibama via AP

Na terça-feira (14), agentes federais brasileiros, incluindo membros do Grupo Especial de Fiscalização do Ibama (GEF) e do Grupo de Resposta Rápida da Polícia Rodoviária Federal (GRR), apreenderam duas antenas de internet da Starlink, além de armas e munições, em um garimpo ilegal na Floresta Amazônica. Embora os garimpeiros tenham disparado contra os agentes, conseguiram escapar. A operação também resultou na apreensão de 600 gramas de mercúrio, 15 gramas de ouro, 508 cartuchos de munição de vários calibres e documentos pessoais, além da destruição de equipamentos usados na atividade ilegal, como barcaças de mineração, geradores, unidades de acampamento e armazenamento e motores de barcos.

As autoridades descobriram que a área de mineração, conhecida como “Ouro Mil”, é controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), uma organização criminosa brasileira. Além das duas antenas apreendidas na terça, o Ibama apreendeu outras cinco antenas da empresa de Elon Musk em terras Yanomami no último mês. O sistema de internet de alta velocidade da Starlink tem sido uma ferramenta para os garimpeiros ilegais do Brasil coordenarem suas ações e receberem avisos prévios de batidas policiais, além de fazer pagamentos.

Desde que assumiu o cargo este ano, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deu poderes às autoridades para reprimir as violações ambientais, especialmente a mineração ilegal na Terra Yanomami, o maior território indígena do Brasil. Cerca de 20 mil garimpeiros contaminaram águas da região com mercúrio, usado para separar o ouro, prejudicaram a vida indígena tradicional, levaram doenças e causaram fome generalizada. Garimpeiros ilegais usam a internet há muito tempo, mas, até então, era necessário o envio de um técnico, geralmente de avião, para instalar uma antena fixa, que não pode ser carregada sempre que os locais de mineração se mudam ou são invadidos. A Starlink resolveu esses problemas com sua tecnologia de instalação “faça você mesmo” e conexão rápida e estável, mesmo em áreas remotas e em dias de chuva.

No entanto, a presença da Starlink na região tem sido controversa. As autoridades federais estão estudando maneiras de bloquear o sinal da Starlink em áreas de mineração ilegal e a empresa ainda não respondeu a perguntas sobre o uso de suas antenas por garimpeiros ilegais. Embora tenha anunciado planos de lançar o Starlink em 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e para monitoramento ambiental da Amazônia, um projeto com o governo brasileiro não avançou. Ainda assim, a Starlink continua a se expandir na região e provocar mudanças significativas.

(Fonte: G1, redação Impulso)