O governo federal está planejando operações de desintrusão em seis terras indígenas em 2023, após a conclusão da retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami em Roraima. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou a notícia em entrevista coletiva em Brasília nesta segunda-feira (20). Desintrusão é o termo usado para desocupar terras legalmente demarcadas como sendo de propriedade indígena de invasores não-indígenas.
“Depois de concluirmos a operação Yanomami, vamos continuar com as operações de desintrusão. Temos mais seis operações de desintrusão a realizar ao longo deste ano”, disse o ministro. As áreas prioritárias para o governo, com presença de invasores, estão localizadas em estados da Amazônia Legal: Karipuna e Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia, Kayapó, Mundurucu e Trincheira Bacajá no Pará e Arariboia no Maranhão.
Dino afirmou que a operação na Terra Indígena Yanomami deverá durar até abril e admitiu que ainda há uma presença residual de garimpeiros. “É uma presença muito pequena, tendente a zero.” Segundo o ministro, uma das dificuldades na área tem sido o apoio que invasores recebem dos próprios indígenas. “Ainda temos a presença de garimpeiros e temos ainda, infelizmente, uma situação em que, por vezes, indígenas defendem a presença de garimpeiros, reagem à presença das forças de segurança”, afirmou.
Em termos de resultado, Flávio Dino destacou que as forças de segurança que atuam no território já destruíram 70 balsas e 140 aeronaves, embarcações e motores. Na área criminal, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão e bloqueados R$ 68 milhões, além de abertos 49 procedimentos administrativos e feitas 20 prisões em flagrante e duas preventivas.
“Nossa visão é que, no mês de abril, essa desintrusão seja concluída. No dia 6 de abril, haverá retomada do controle do espaço aéreo”, disse o ministro da Justiça. Ele informou que a Força Nacional de Segurança permanecerá na área yanomami ao longo dos próximos meses, mesmo após a retirada dos invasores.
O Ministério da Justiça também confirmou a entrega de uma base fluvial da Polícia Federal na região do Vale do Javari, no Amazonas, nos próximos dias. Essa é a região do país com a maior concentração de indígenas isolados. A base, com capacidade para 200 pessoas, foi recuperada e será usada para patrulhar os rios da região, onde o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados em junho do ano passado.
(Fonte: Agência Brasil)