Afastado, Daniel Santos amplia suspeitas de enriquecimento ilícito com imóvel milionário no Ceará

Afastado, Daniel Santos amplia suspeitas de enriquecimento ilícito com imóvel milionário no Ceará

As investigações da Operação Hades, conduzidas pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), seguem revelando novas evidências contra Daniel Santos, prefeito afastado de Ananindeua. Entre os itens que reforçam as suspeitas de corrupção e enriquecimento ilícito, está a compra de um apartamento de alto padrão em Fortim, no litoral do Ceará, avaliado em mais de R$ 3 milhões.

A transação, realizada em março deste ano, período em que as investigações já estavam em curso, veio à tona após a apreensão de documentos em um imóvel localizado na avenida Beira-Mar, em Fortaleza. Segundo o MPPA, a aquisição foi registrada em nome da empresa Agropecuária J D EIRELI, da qual Daniel Santos figura como sócio-administrador. Os materiais apreendidos incluem o termo de recebimento do imóvel e o manual do proprietário, detalhando a transação suspeita.

O condomínio, descrito como um dos mais luxuosos da região, oferece uma infraestrutura exclusiva à beira-mar, com ampla área verde e segurança reforçada, atraindo a elite da região. Essa aquisição levanta mais questionamentos sobre a origem dos recursos utilizados pelo prefeito afastado, que é alvo de uma série de acusações que vão de fraudes em licitações a lavagem de dinheiro.

Patrimônio milionário sob investigação

Além do apartamento no Ceará, Daniel Santos é acusado de manter um extenso patrimônio incompatível com sua renda declarada. Segundo o MPPA, empresas vinculadas à Prefeitura de Ananindeua teriam sido usadas para custear bens pessoais de alto valor, como uma aeronave avaliada em R$ 10 milhões e uma fazenda localizada em Tomé-Açu, no Pará, com valor estimado de R$ 16 milhões.

Durante a operação, realizada também em propriedades do ex-prefeito, foram apreendidos 16 relógios de luxo, avaliados em R$ 3 milhões. A coleção foi encontrada em outro imóvel na capital cearense, reforçando as suspeitas de que o político usava recursos públicos para financiar uma vida de ostentação.

O Tribunal de Justiça do Pará já determinou o bloqueio de R$ 131,8 milhões em bens vinculados a Daniel Santos e à Agropecuária J D EIRELI. O objetivo é assegurar a recuperação de valores que, possivelmente, foram desviados do erário público.

Manobras em defesa e novas denúncias

Além das acusações de enriquecimento ilícito, a investigação apurou que Daniel Santos tentou organizar uma manifestação paga em sua defesa. Testemunhas relataram que o político ofereceu transporte gratuito e dinheiro a participantes para criar uma imagem de apoio popular.

As movimentações do ex-prefeito seguem sendo analisadas pelo Ministério Público, que destaca o compromisso em responsabilizar todos os envolvidos no esquema de corrupção. O MPPA também investiga a suposta ligação de empresas contratadas pela prefeitura com o pagamento de parcelas de bens, incluindo o apartamento de Fortim e a aeronave.

Próximos passos e desdobramentos

A Operação Hades, deflagrada com autorização do Tribunal de Justiça do Pará, já atingiu outros alvos ligados à administração municipal de Ananindeua. As diligências realizadas em vários estados do país continuam coletando provas que, segundo o MPPA, poderão implicar mais pessoas no esquema.

Os desdobramentos da investigação apontam para uma estrutura sofisticada de corrupção que desviava recursos públicos por meio de fraudes em licitações e o uso de terceiros e empresas de fachada para ocultar a origem e o destino do dinheiro.

Procurado pela imprensa, Daniel Santos negou as acusações e afirmou ser alvo de perseguição política. No entanto, as evidências coletadas pelo Ministério Público até o momento indicam um padrão consistente de desvios e enriquecimento ilícito, comprometendo a credibilidade do prefeito afastado.

Um caso que reflete a luta contra a corrupção

O caso de Daniel Santos expõe as vulnerabilidades nos mecanismos de fiscalização do uso de recursos públicos e reforça a importância de operações como a Hades. As investigações seguem em andamento, com a possibilidade de novos desdobramentos que podem alcançar outros responsáveis dentro da administração pública de Ananindeua.

O MPPA permanece firme no compromisso de recuperar os valores desviados e propor sanções que impeçam que recursos essenciais para a população sejam usados para benefícios pessoais e esquemas de corrupção.

Fonte: Dol