Brics Lança Parceria para Combate às “Doenças da Pobreza”

Brics Lança Parceria para Combate às “Doenças da Pobreza”

Os países membros do Brics anunciaram, nesta segunda-feira (7), o lançamento da Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs), uma iniciativa inédita focada em combater enfermidades agravadas pela desigualdade social e pela falta de acesso à saúde. O objetivo é mobilizar recursos, promover cooperação entre os países e avançar na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para prevenção, diagnóstico e tratamento dessas doenças, que afetam majoritariamente populações em situação de vulnerabilidade.

A iniciativa, discutida durante as reuniões prévias à 17ª Cúpula do Brics, constou na Declaração do Rio de Janeiro, divulgada neste domingo (6). O Brasil, que ocupa a presidência rotativa do grupo, colocou o tema como uma das oito prioridades na área da saúde em 2025, inspirando-se no Programa Brasil Saudável.

Entre as doenças que serão contempladas pela parceria estão tuberculose, hanseníase, malária e dengue, problemas recorrentes em países do Sul Global. Desses, muitos não recebem investimentos equivalentes na pesquisa de soluções, pois sua prevalência é baixa em nações desenvolvidas.

Uma Aliança Ampliada

Além de seus membros regulares — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, a parceria inclui nações parceiras do Brics, como Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bolívia, Malásia e Cuba. Os países irão unir esforços para desenvolver vacinas, terapias, ferramentas de detecção precoce e novos métodos de tratamento para essas doenças, além de buscar melhorias no saneamento básico e na habitação das áreas mais afetadas.

Metas Alinhadas aos Objetivos Globais

A parceria está estruturada em cinco pilares principais, que convergem com as prioridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. São eles:

1. Fortalecimento do sistema de saúde para garantir serviços essenciais, como vacinas, prevenção, diagnóstico e educação em saúde, com foco em populações vulneráveis e continuidade da Cobertura Universal de Saúde (CUS).
  1. Ações intersetoriais para abordar os determinantes sociais, econômicos e ambientais que contribuem para a alta incidência de DSDs.
  2. Expansão da colaboração em pesquisa e tecnologia, promovendo transferência de conhecimento e inovação adaptada às características locais dos países participantes.
  3. Mobilização de recursos financeiros, utilizando instrumentos como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Banco Mundial, bancos regionais e parcerias com o setor privado.
  4. Advocacia internacional, buscando maior protagonismo desses países em fóruns multilaterais para priorizar a erradicação das DSDs na agenda global.

Soluções Inovadoras e Tecnológicas

Um diferencial da iniciativa é o uso de tecnologias inovadoras, como inteligência artificial, diagnóstico avançado e ferramentas digitais para vigilância de doenças. Essas inovações serão incorporadas às estratégias de eliminação, incluindo sistemas interoperáveis de notificação, plataformas de dados em tempo real e desenvolvimento de medicamentos e vacinas.

“Queremos alinhar esforços para criar soluções que abordem as necessidades específicas de nossas populações, reduzindo o impacto dessas doenças no dia a dia de quem mais precisa”, destacou o texto do documento divulgado pelo Brics.

Financiamento Estruturado

O projeto prevê aportes financeiros do NDB, instituição oficial do Brics, além de parcerias com bancos multilaterais de desenvolvimento, apoio de doadores internacionais e iniciativas público-privadas. A expectativa é de que os países também mobilizem recursos públicos e privados internamente.

Os primeiros passos serão a realização de seminários técnicos, programas de capacitação e reuniões entre pesquisadores e representantes financeiros para iniciar os trabalhos.

Prioridade Global para o Sul

A parceria reforça a relevância de pautar as “doenças da pobreza” na agenda internacional de saúde, dando visibilidade a problemas historicamente negligenciados. Ao atuar em áreas como saneamento, habitação e combate à desnutrição, os países também buscam enfrentar as raízes sociais que perpetuam a prevalência dessas doenças.

“Trata-se de um esforço coletivo para melhorar as condições de vida de milhões de pessoas nas regiões mais vulneráveis do mundo, promovendo não apenas soluções médicas, mas estruturais”, afirmou um representante do Brics durante o lançamento.

Com o avanço dessa parceria, os países do Brics pretendem intensificar o diálogo internacional e reafirmar seu compromisso com a construção de sistemas de saúde mais resilientes, capazes de responder às necessidades de seus milhões de cidadãos em situação de vulnerabilidade.

Fonte: Agência Brasil