Cooperativismo Impulsiona o Agronegócio no Brasil e nos Estados Unidos

Cooperativismo Impulsiona o Agronegócio no Brasil e nos Estados Unidos

O cooperativismo agrícola tem sido peça-chave no avanço do agronegócio em países como o Brasil e os Estados Unidos. No terceiro dia da Conferência da International Food and Agribusiness Management Association (IFAMA), realizada em Ribeirão Preto (SP), especialistas destacaram como as cooperativas vêm se adaptando e se fortalecendo para atender às demandas do setor. O evento reuniu líderes, pesquisadores e produtores internacionais para compartilhar experiências bem-sucedidas no setor agrícola.

O cenário atual do cooperativismo nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, o número de cooperativas caiu significativamente ao longo das últimas décadas. Segundo Brian Briggeman, diretor da Universidade de Kansas e palestrante do painel “Criando Vantagem Competitiva por meio de Cooperativas e Associações”, na década de 1920 existiam cerca de 12 mil cooperativas no país. Hoje, restam apenas 1.605. O declínio reflete, em parte, a redução no número de agricultores, associados à consolidação de grandes propriedades e ao aumento na eficiência produtiva.

“O perfil do agricultor norte-americano mudou. Hoje, temos menos fazendas, mas elas possuem maior área cultivada e trabalham com altíssima tecnologia. As cooperativas precisaram reformular suas práticas para atender a essa nova realidade”, explicou Briggeman.

As cooperativas nos Estados Unidos investiram fortemente em agricultura de precisão, automação, robótica e o uso de drones, com o objetivo de manterem-se competitivas e atender aos associados de maneira mais eficiente. “A modernização foi a chave para engajar os produtores e oferecer serviços que agregassem valor à produção”, afirmou.

Cerrado Mineiro: um exemplo de sucesso no Brasil

O Brasil também apresentou cases relevantes durante a conferência, com destaque para o Cerrado Mineiro, uma das principais regiões produtoras de café do país. Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, compartilhou a trajetória de sucesso das cooperativas locais.

O movimento teve início na década de 1970, liderado pelo ex-ministro Alysson Paolinelli, após uma forte geada no Paraná que devastou grande parte dos cafezais. Desde então, os produtores da região do Cerrado Mineiro se uniram, formando uma rede de cooperativas que hoje representa 14% da produção nacional de café. Com uma área de 250 mil hectares, os cafés da região são exportados para mais de 50 países, destacando-se pela qualidade e pela rastreabilidade do produto.

Nos últimos anos, as cooperativas do Cerrado Mineiro também vêm adotando práticas de agricultura regenerativa. Já são mais de 40 mil hectares destinados a essa abordagem sustentável, que busca promover a conservação dos recursos naturais e a restauração do solo. “A união dos produtores por meio das cooperativas está escrevendo uma nova história, colocando a agricultura regenerativa como foco central da nossa produção. Isso atrai o mercado global, que tem buscado cada vez mais produtos sustentáveis”, destacou Tarabal.

Inovação e sustentabilidade em foco

A conferência reforçou que, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o cooperativismo tem sido uma ferramenta indispensável para enfrentar desafios do setor agrícola. Seja investindo em tecnologias de ponta ou aplicando métodos sustentáveis, as cooperativas comprovam seu papel no aumento da competitividade dos produtores em um mercado globalizado.

No Brasil, o Cerrado Mineiro é um exemplo do impacto positivo das ações cooperativas voltadas para o desenvolvimento regional e a inserção no mercado internacional. Já nos Estados Unidos, a modernização das cooperativas foi crucial para atender às demandas de um setor agrícola cada vez mais automatizado e eficiente.

Conclusão da IFAMA 2025

A Conferência da IFAMA, que se encerrou nesta quinta-feira (26), foi realizada pela Harven Agribusiness School em parceria com o FB Group. O evento reforçou o papel das cooperativas como agentes de transformação no agronegócio global, mostrando que a união e a inovação são os principais caminhos para avançar em um mercado cada vez mais exigente e competitivo.

Com casos emblemáticos, como os apresentados pelo Cerrado Mineiro e pelas experiências norte-americanas, o cooperativismo continua a ser um modelo eficaz para promover a sustentabilidade, melhorar a eficiência e garantir que pequenos e grandes produtores mantenham sua relevância na cadeia produtiva.

Fonte: Agro Estadão