A gestão do prefeito Daniel Barbosa Santos, na prefeitura de Ananindeua (PA), está no centro de uma série de escândalos que vão além do recente afastamento decretado por investigação do Gaeco, do MPPA.
Desvios na saúde e hospital próprio
Entre 2018 e 2022, o MPPA investiga suposto desvio de R$ 261 milhões via contratos entre o Iasep e o Hospital Santa Maria, que Daniel controlou até 2022. O lucro da unidade saltou de R$ 3 milhões em 2018 para R$ 108,5 milhões, enquanto agulhas descartáveis foram compradas por R$ 18,10 cada, quando o preço de mercado seria R$ 0,35. A prática exagerada de insumos foi registrada em casos como internações onde se faturavam 68 unidades de equipo em 4 dias, quando o uso padrão seria apenas 4 unidades
Em março de 2025, a Procuradoria-Geral de Justiça do Pará formalizou pedido de intervenção estadual na saúde do município, destacando que a administração não garantiu o direito à saúde e atrasou repasses a hospitais como os de Camilo Salgado e Anita Gerosa, enquanto favorecia o Hospital Santa Maria
Calotes a hospitais conveniados
O Hospital Anita Gerosa, um dos principais atendimentos materno-infantis do município, encerrou os atendimentos via SUS por falta de pagamento acumulado de R$ 3,7 milhões entre 2023 e 2024. Já o Camilo Salgado enfrentou dívida de R$ 4,3 milhões por indenização não quitada
Fraudes em contratos de licitação e empresas de fachada
O advogado Ewerton Almeida denunciou ao MPPA contratos da prefeitura no valor de R$ 22 milhões para aluguel de caminhões e microtratores com empresa fantasma (Socorro Construções), sem qualificação técnica ou licitação válida. A Socorro sublocava os veículos da Norte Ambiental, empresa ligada a amigos do prefeito, responsável clandestinamente pela coleta de lixo em Ananindeua sem contrato formal
Dois secretários municipais foram afastados pela operação Aqueronte, por suspeita de envolvimento em organização criminosa que desviou mais de R$ 109 milhões das secretarias de Saúde e Saneamento. As empresas Edifikka e DSL, envolvidas, já apresentaram indícios de incapacidade operacional e capital superfaturado
Fala Sério Carajás
Projeto de segurança de R$ 4,5 milhões sob suspeita
Em maio de 2025, o MPPA recomendou suspender um projeto para criação de Gabinete de Segurança Institucional que custaria R$ 4,5 milhões anuais para proteger o prefeito, o vice e o presidente da Câmara — valor equivalente a quase 20% do gasto municipal com policiamento. O projeto é apontado como ilegal, com cargos comissionados excessivos e sem estudo de impacto orçamentário, violando normas da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei de Acesso à Informação
A administração de Daniel Santos enfrenta múltiplas frentes de investigação por supostos desvios de recursos públicos, uso político da máquina, contratos fraudulentos e favorecimento de empresas ligadas ao seu círculo. A crise na saúde, os atrasos em repasses a hospitais essenciais e a opacidade em contratos de licitações reforçam um quadro crítico que motivou operações do MPPA e pedidos de intervenção estadual.