Família denuncia negligência em UPA de Ananindeua após morte de mulher sem atendimento adequado

Família denuncia negligência em UPA de Ananindeua após morte de mulher sem atendimento adequado

Um ano após a morte de Gleice na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Distrito Industrial, em Ananindeua, a família ainda cobra responsabilização da Prefeitura e do secretário municipal de Saúde. A jovem morreu em fevereiro de 2024, dias após ser internada na unidade e não receber o atendimento adequado. A negligência ocorreu mesmo diante de uma recomendação do Ministério Público que exigia sua transferência para um hospital com suporte especializado.

Segundo o viúvo de Gleice, Marcos, a esposa apresentava um quadro de saúde que demandava atendimento especializado e urgente. Apesar disso, Gleice permaneceu internada na UPA, mesmo com uma determinação do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), que solicitava a imediata transferência da paciente para um hospital com suporte adequado. A transferência, no entanto, nunca aconteceu.

“Eu tenho duas decisões do Ministério Público aqui. Se eu, como cidadão comum, descumprisse uma ordem judicial, eu estaria preso. Agora, por que o secretário de saúde do município onde ela estava internada não foi responsabilizado?”, indagou Marcos, revoltado com a situação.

“Nem o secretário e nem a própria Prefeitura viram o caso dela e não a transferiram. Então eu te pergunto: quantas famílias vão precisar passar pela mesma dor porque a Prefeitura e o município não deram o devido atendimento?”, completou ele.

O caso foi levado à Justiça, com pedido de responsabilização direta do município, sob a alegação de falha grave na gestão da saúde pública e no descumprimento de ordens judiciais.

CASO NÃO É ISOLADO

As UPAs de Ananindeua seguem com várias denúncias sobre negligência médica e falhas no atendimento. Em abril de 2025, uma criança de apenas 1 ano e 6 meses morreu após receber atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Icuí.

Conforme seus familiares, Sofia Gabriele Silva chegou à unidade de saúde com sintomas de diarreia e vômito por volta das 9h. Ela foi medicada e recebeu alta. Porém, o estado de saúde dela piorou após o retorno para casa.

Os pais, então, voltaram com a menina à UPA, onde ela foi encaminhada para uma “sala vermelha”, passando a receber medicação sem a presença de um responsável. Eles relataram que Sofia permaneceu na sala por muito tempo e, após a demora, entraram no local e encontraram a menina com algodão no nariz e as mãos amarradas.

Já em fevereiro de 2025, Marcos Rodrigues Teixeira, bombeiro civil de 35 anos, passou dias tentando atendimento em uma UPA de Ananindeua, mas sempre era avaliado e mandado para casa.

Após dias sem sucesso em Ananindeua, Marcos foi levado pela esposa para o Pronto-Socorro da 14 de Março, em Belém, onde foi rapidamente entubado com 99% do pulmão comprometido, mas não resistiu e faleceu.

Os casos citados expõem, mais uma vez, a precariedade do sistema de saúde municipal e a ausência de protocolos eficazes para salvar vidas em situações de emergência em Ananindeua.