Marabá lidera redução de emissões de CO² no Pará, aponta estudo da Fapespa

Marabá lidera redução de emissões de CO² no Pará, aponta estudo da Fapespa

Um estudo recém-divulgado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) destacou avanços significativos do Pará na redução de emissões de dióxido de carbono (CO²), com especial destaque para o município de Marabá, localizado no sudeste paraense. A pesquisa, que se baseou no Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), revelou que o estado reduziu suas emissões totais em quase 30% nas últimas duas décadas, consolidando-se como um importante ator nos esforços de mitigação das mudanças climáticas.

Os dados foram apresentados em um momento estratégico, enquanto o Pará se prepara para sediar a 30ª edição da Conferência das Partes (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém. Segundo a Fapespa, o objetivo da divulgação é promover discussões fundamentadas sobre preservação ambiental durante o evento, auxiliando na formulação de estratégias de desenvolvimento sustentável.

Redução expressiva nas emissões

De acordo com o levantamento, o ano de 2023 registrou 312,3 milhões de toneladas de CO²e emitidas no Pará, a menor quantidade desde 2017. Este volume representa 13,6% do total nacional, colocando o estado no centro das discussões ambientais. Quando consideradas as emissões líquidas, que levam em conta as capturas de CO² pela vegetação, o número é ainda mais expressivo, contabilizando 192,6 milhões de toneladas de CO²e. Desde 2000, o estado apresentou uma redução líquida de emissões de impressionantes 60,6%.

Marabá destacou-se como um dos principais exemplos na redução das emissões brutas, diminuindo seus índices em 60%. O município caiu da segunda para a sexta posição entre os maiores emissores totais do estado, com apenas 2,7% das emissões brutas do Pará. Santa Maria das Barreiras, também no sudeste paraense, seguiu uma tendência similar, com redução de 44,7%, passando a contribuir com 2,3% das emissões estaduais. Já São Félix do Xingu, apesar de ter registrado um decréscimo de 14,9%, segue como o maior emissor do estado, representando 8,1% do total.

Agropecuária e práticas sustentáveis

A agropecuária continua sendo a maior fonte de emissões do estado, respondendo por 91,9% do total de 2023. Apesar disso, o setor foi o principal responsável pelas reduções observadas nas duas últimas décadas, apresentando uma queda de 31,6% nas emissões (de 419,2 milhões para 286,9 milhões de toneladas de CO²e). A redução foi impulsionada por avanços em práticas de manejo, maior eficiência produtiva e a desaceleração do desmatamento para formação de novas pastagens, sugerindo que políticas públicas de preservação e monitoramento estão dando resultados.

A diminuição na conversão de florestas em áreas de pastagem foi um dos fatores mais relevantes no declínio global das emissões paraenses. Entre 2000 e 2023, o estado diminuiu em 45,6% as emissões oriundas do desmatamento para agropecuária.

Altamira lidera capturas

Se por um lado Marabá é referência na redução de emissões, Altamira se destaca como o município que mais remove CO² da atmosfera no Pará. Em 2023, o município capturou 167,5 milhões de toneladas de CO²e, um crescimento de 160,4% em relação ao ano de 2000. A floresta primária representa a maior parte dessa captura, com 65,9% do total, enquanto a floresta secundária contribui com 31,2%, evidenciando a importância das regiões regeneradas.

Oriximiná, no oeste do estado, também ganhou destaque ao aumentar sua capacidade de captura em 407%, ocupando a segunda posição no ranking estadual com 10,8% da absorção total. Jacareacanga, no sudoeste, surpreendeu ao apresentar um crescimento impressionante de 2.727,1% na remoção de CO², consolidando-se como o sexto maior captor do estado.

Compromisso ambiental e futuro sustentável

O estudo da Fapespa reforça a relevância da floresta amazônica para a mitigação das mudanças climáticas, destacando que o Pará desempenha um papel crucial nesse processo. Márcio Ponte, diretor da Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac) da Fapespa, enfatizou a importância da pesquisa. “Esses dados são fundamentais para formularmos alternativas dirigidas à preservação da Amazônia e consolidarmos esforços de conservação. Nossa missão é fortalecer os debates na COP30 e estimular o desenvolvimento sustentável.”

A pesquisa também chama a atenção para a necessidade de políticas contínuas e robustas que combinem conservação ambiental com desenvolvimento econômico. Incentivos à intensificação sustentável, adoção de tecnologias de baixa emissão e proteção de áreas florestais são alguns dos caminhos propostos para consolidar um modelo de crescimento alinhado ao combate às mudanças climáticas.

Com essas metas em foco, o Pará desponta como protagonista em um momento decisivo para o futuro da Amazônia e para o equilíbrio climático global. Com avanços concretos em redução de emissões e aumento de capturas, o estado se posiciona como uma referência em sustentabilidade e exemplo para outras regiões que buscam aliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Fonte:  Jornal Folha do Progresso