Oferta reduzida e demanda elevada impulsionam alta no preço do boi gordo

Oferta reduzida e demanda elevada impulsionam alta no preço do boi gordo

O mercado do boi gordo mantém trajetória de valorização em junho, impulsionado por uma combinação de oferta limitada de animais prontos para abate e demanda aquecida no mercado interno e nas exportações. De acordo com a Scot Consultoria, o preço da arroba em São Paulo já está entre R$ 315 e R$ 320, acumulando alta de R$ 15 no mês, com ganhos diários próximos a R$ 1.

Oferta enxuta e sazonalidade influenciam preço

Segundo Pedro Gonçalves, analista da Scot Consultoria, o momento de alta nos preços reflete principalmente a redução da oferta de animais terminados, que é uma consequência da perda de qualidade das pastagens durante a transição do outono para o inverno. A menor disponibilidade de boiadas prontas para abate pressiona os frigoríficos a pagar mais para garantir sua escala de produção.

“O cenário atual é de oferta enxuta e demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto externo. Até mesmo o mercado futuro reflete esse otimismo, com cotações ao redor dos R$ 320, sinalizando firmeza para o segundo semestre”, afirma Gonçalves.

Exportações em alta reforçam valorização

O mercado externo também desempenha papel fundamental na valorização da arroba. De acordo com dados da Scot Consultoria, os preços médios da carne bovina in natura no exterior estão entre US$ 5.300 e US$ 5.400 por tonelada, os maiores desde o final de 2022.

Além disso, o volume diário de exportações subiu 13% em relação a maio, alcançando uma média de 11,7 mil toneladas por dia. Quando comparado a junho de 2024, o desempenho parcial deste mês é 22% superior, segundo a Secretaria de Comércio Exterior.

“O primeiro trimestre deste ano foi recorde, com o abate de 9,8 milhões de cabeças, mas, mesmo assim, os preços da arroba se mantiveram acima dos R$ 300. O segundo semestre, com oferta ajustada e exportações robustas, deve consolidar o movimento de alta nas cotações”, acrescenta Gonçalves.

Confinação pode equilibrar oferta

Outro fator em análise é o crescimento do número de animais de confinamento. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), começa a aumentar o volume de animais criados em sistemas confinados, que são mais padronizados e bem acabados, atraindo melhores preços no mercado. Apesar disso, a oferta geral segue baixa, o que mantém os frigoríficos pressionados a pagar mais pelos lotes disponíveis.

Projeção positiva para o segundo semestre

Com um cenário que combina menor oferta de animais, demanda interna estabilizada e exportações em alta, os especialistas apontam para a continuidade da valorização no mercado do boi gordo ao longo do segundo semestre de 2025. As cotações devem permanecer firmes, garantindo ganhos para os pecuaristas, mas também sinalizam possíveis aumentos no custo da carne ao consumidor final.

Desempenho do mercado em números

  • Preço da arroba em São Paulo: R$ 315 a R$ 320, com alta acumulada de R$ 15 no mês.
  • Exportações: Média de 11,7 mil toneladas/dia em junho, com alta de 22% em relação ao mesmo período de 2024.
  • Preço médio da carne bovina in natura no mercado externo: Entre US$ 5.300 e US$ 5.400 por tonelada.

Conclusão

A valorização no mercado do boi gordo reflete as forças de oferta e demanda que impactam diretamente o setor pecuário. Embora o aumento nos preços da arroba seja uma boa notícia para os pecuaristas, ele também amplifica os desafios aos frigoríficos e pode pressionar o bolso do consumidor final. Com um segundo semestre promissor para o mercado, o setor segue com perspectiva favorável, mas alerta para os impactos da sazonalidade e do consumo.

Fonte: Agro Estadão.