O Pará consolidou-se como referência internacional na produção sustentável de cacau, impulsionando uma verdadeira revolução agrícola baseada em práticas inovadoras e respeito ao meio ambiente. O destaque é para o sistema agroflorestal (SAF), tecnologia que alia o cultivo agrícola à recuperação ambiental e que elevou o estado ao topo do ranking mundial de produtividade de cacau.

Segundo relatório anual elaborado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), a produtividade média paraense alcançou 847 kg de cacau por hectare, ultrapassando tanto a média nacional, de 483 kg/ha, quanto a da África, maior produtora global, que gira em torno de 500 kg/ha. O município de Medicilândia, no sudoeste paraense, desponta ainda mais expressivamente, atingindo 1.190 kg/ha e tornando-se o principal polo produtor de amêndoas do país.
O sucesso do Pará vai além dos índices positivos. O modelo produtivo paraense se destaca por regenerar áreas degradadas e aliar geração de renda à valorização dos recursos florestais. Apenas nos últimos 17 anos, os sistemas agroflorestais com cacau ajudaram a recuperar cerca de 229 mil hectares de solo, tornando o estado exemplo de desenvolvimento aliado à sustentabilidade.
No sudoeste do estado, Medicilândia se beneficia do solo fértil e da proximidade com a BR-230, a Transamazônica — fatores que, somados à adoção do SAF, resultam em recordes de produção. “A nossa média está lá em cima quando comparada a outros estados e países produtores. Isso é ótimo para o produtor, pois significa produzir mais em uma área menor”, explica o engenheiro agrônomo Ivaldo Santana, coordenador do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Cacau (Procacau).
A expansão da cacauicultura sustentável é resultado de um conjunto de políticas públicas e investimentos do Governo do Pará. Ações como fiscalização agropecuária, vigilância de propriedades rurais, educação sanitária e apoio direto ao produtor rural fazem parte do pacote implementado pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) e pela Sedap.
Projetos de valorização e internacionalização das amêndoas, junto ao monitoramento via sensoriamento remoto, reforçam o compromisso de fazer do Pará um paradigma em produção sustentável. Outra frente de destaque é a prevenção à monilíase, uma das piores pragas do cacau: o projeto “Proteção e fortalecimento da cacauicultura paraense, prevenção e combate à Monilíase nas divisas do Estado”, lançado em 2025, reforça o preparo do setor produtivo para enfrentar ameaças fitossanitárias.
A força da mulher e das comunidades tradicionais também marca a trajetória do cacau paraense. No município de Acará, o grupo “Guardiãs da Floresta” trabalha com cacau nativo e utiliza em sua produção técnicas que conciliam a fabricação de chocolate artesanal com a defesa da floresta. “Estamos incentivando mulheres e jovens a trabalhar com o cacau da região de várzea. É uma alternativa de renda e de preservação”, afirma Diana Gemaque, uma das integrantes do grupo.
A tradição familiar também pesa. No nordeste do estado, em Tomé-Açu, Francisco Sakaguchi mantém há meio século o cultivo de cacau em sistema próprio de agrofloresta, lembrando o pioneirismo dos imigrantes japoneses que apostaram na cultura para superar desafios econômicos e garantir a sobrevivência da família.
O cenário desenhado pelo Pará reflete uma nova lógica de produção agrícola, unindo inovação, recuperação ambiental e inclusão social. O resultado é um cacau valorizado dentro e fora do Brasil, exemplos de famílias transformadas e uma floresta em pé, provando que é possível prosperar com sustentabilidade.
Resumo:
O Pará alcançou a liderança internacional em produtividade de cacau graças ao sistema agroflorestal, políticas públicas de incentivo e protagonismo de comunidades locais e familiares. O modelo paraense alia alta produtividade à preservação e se consolida como exemplo global de cadeia sustentável do cacau.
Fonte: Agência Pará.