Pará busca reconhecimento de Indicação Geográfica para produtos do oeste do estado

Pará busca reconhecimento de Indicação Geográfica para produtos do oeste do estado

O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), está avançando no processo de obtenção de Indicação Geográfica (IG) para três produtos emblemáticos da região de Santarém, no oeste do estado. Os itens contemplados são o trabalho artesanal das Mulheres dos Trançados de Arapiuns, o feijão manteiguinha de Santarém e o Pirarucu, peixe amazônico de enorme relevância cultural e ambiental. A medida visa proteger esses produtos, além de valorizar e fortalecer suas cadeias produtivas.

De acordo com a Sedap, a Indicação Geográfica garante que um produto está associado a um território específico, conferindo qualidade e autenticidade reconhecidas nacional e internacionalmente. O Pará já possui exemplos de produtos com IG que se destacaram tanto no mercado interno quanto externo, e a busca pelo reconhecimento do trabalho artesanal, do feijão e do pirarucu reforça o compromisso do estado com a proteção de sua rica biodiversidade e cultura local.

Próximos passos no processo de IG

Entre os dias 23 e 26 de junho de 2025, uma equipe técnica da Sedap estará em Santarém para reforçar as parcerias institucionais necessárias para impulsionar o reconhecimento dos produtos. A agenda contará com reuniões envolvendo pescadores, artesãs, produtores do feijão e representantes da sociedade local. Além disso, o trabalho será conduzido em colaboração com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), secretarias municipais de agricultura e turismo, e a equipe regional da Sedap.

Segundo a coordenadora do Programa de Incentivo à Indicação Geográfica do Pará, Márcia Tagore, o engajamento de instituições públicas, setor privado e comunidades locais é essencial. “Essas parcerias solidificam toda uma história de tradição e valorizam o trabalho local. O Pará é imenso e muito rico, por isso precisamos do apoio de parceiros que são referências regionais e mundiais. A Indicação Geográfica é um instrumento reconhecido globalmente e ajuda a reforçar o potencial dos nossos produtos para o mercado internacional”, destacou.

Produtos destacados

A iniciativa contempla três produtos de elevada importância cultural e econômica para a região de Santarém:

  1. Mulheres dos Trançados de Arapiuns: Reconhecidas pelo trabalho artesanal com fibras naturais, as trançadeiras têm produção ligada diretamente às tradições culturais da comunidade e ao manejo sustentável de recursos naturais.
  2. Feijão manteiguinha: Uma variedade típica da região, apreciada por sua textura e sabor únicos, frequentemente associado à identidade alimentar de Santarém.
  3. Pirarucu: Conhecido como o gigante dos rios amazônicos, o manejo sustentável do pirarucu garante não apenas a preservação ambiental, mas também a geração de emprego e renda para comunidades ribeirinhas.

Parcerias que fortalecem a iniciativa

O projeto também conta com apoio de nomes importantes para a valorização regional, como o Chef Saulo Jennings, que atua no resgate e promoção da gastronomia e cultura alimentar do Tapajós. “Essa valorização fortalece a geração de emprego e renda e, principalmente, impacta positivamente a sociobioeconomia local”, observou Jennings, destacando o valor único dos produtos e o esforço coletivo por trás de sua preservação.

O secretário da Sedap, Giovanni Queiroz, ressaltou que a obtenção de Indicação Geográfica também tem como objetivo abrir portas para o mercado internacional. “Esse reconhecimento protege o nome do território, valoriza um produto ou serviço e projeta ainda mais nossos bens. A IG tornou-se uma exigência em muitos mercados para que produtos sejam aceitos como legítimos. Esses avanços agregam valor cultural e econômico, contribuindo para o desenvolvimento do nosso estado e da Amazônia”, afirmou.

Impactos esperados

Além de destacar os produtos no mercado interno e externo, a IG promove maior agregação de valor e fortalecimento das cadeias produtivas locais. Isso inclui desde a valorização das comunidades envolvidas até a preservação de práticas e riquezas únicas da Amazônia. As receitas geradas podem impulsionar, de forma sustentável, as economias locais, favorecendo emprego, renda e o desenvolvimento regional.

Com a Indicação Geográfica, os produtos regionais do Pará poderão competir em igualdade de condições no mercado global, promovendo não apenas a economia, mas também a preservação cultural e ambiental, pilares que sustentam a riqueza paraense.

Sobre o programa

A iniciativa está sendo liderada no contexto do Programa de Incentivo à Indicação Geográfica e Marcas Coletivas do Estado do Pará, regulamentado pela Lei nº 10.510/2024. O programa tem como objetivo garantir o reconhecimento e a promoção de produtos regionais, respeitando práticas sustentáveis e tradições centenárias.

A expectativa é que o avanço das discussões e articulações em Santarém marque um passo determinante para a consolidação da identidade desses importantes produtos amazônicos no cenário nacional e internacional.

Fonte: Agência Pará.