O Estado do Pará deu um passo histórico na recuperação ambiental ao assinar, nesta segunda-feira (14), o contrato da primeira concessão pública para reflorestamento de terras no Brasil associada à geração de Créditos de Carbono de Restauração (ARR). O projeto será executado pela empresa Systemica, em uma área de 10,3 mil hectares na Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, posicionando o Pará como referência no uso de soluções baseadas na natureza.

Com duração de 40 anos, o projeto prevê um investimento inicial de R$ 258 milhões, criação de aproximadamente dois mil empregos e o sequestro de 3,7 milhões de toneladas de carbono equivalente. A iniciativa faz parte de um grande esforço estadual para combater o desmatamento ilegal e recuperar a vegetação nativa de uma das áreas mais degradadas do território nacional.
O governador do Pará, Helder Barbalho, celebrou a assinatura do contrato, destacando o caráter pioneiro do projeto na América Latina. “Hoje, criamos um marco no modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, que gera empregos, protege a biodiversidade e posiciona o Pará como uma liderança ambiental. Esse contrato é o começo de uma transformação que mostra a viabilidade econômica do reflorestamento e serve de exemplo para o Brasil e o mundo”, afirmou Barbalho.
Concessão e Recuperação Ambiental
A proposta inclui não apenas o reflorestamento da área, que foi intensamente desmatada ilegalmente, mas também ações voltadas à regeneração natural dos ecossistemas, com o plantio de espécies nativas e monitoramento contínuo. Segundo Munir Soares, diretor-executivo da Systemica, o próximo passo será o desenvolvimento do Plano de Restauração, que definirá as ações práticas para recuperar a vegetação.

“A Systemica acredita no potencial do Brasil como líder em soluções climáticas. Este é o primeiro contrato de concessão para restauração florestal da América Latina, e isso marca um momento importante para a recuperação de ecossistemas e a geração de créditos de carbono de alta integridade”, disse Soares.
O projeto também fortalece a economia local, com atividades que envolvem a contratação de trabalhadores da região e o suporte a cadeias produtivas sustentáveis, como a bioeconomia. Outro ponto de destaque é a criação de uma brigada de combate a incêndios, aliada à capacitação e conscientização das comunidades sobre o manejo do fogo.
Centro de Desenvolvimento na APA Triunfo do Xingu
O Governo do Pará implementará ainda um Plano de Atuação Integrada na região com a instalação de um Centro de Desenvolvimento para atender a população local. O espaço proporcionará serviços públicos em áreas como segurança, assistência social, regularização fundiária e geração de renda.

“Essa concessão vai muito além do reflorestamento. É um compromisso com o desenvolvimento econômico-social e a proteção ambiental para garantir oportunidades e qualidade de vida para as comunidades locais”, destacou o governador Helder Barbalho.
Impactos e Sustentabilidade
Com potencial de capturar o equivalente a 330 mil voos ao redor do mundo em emissões de carbono, o projeto consolida o modelo de valorização da “floresta em pé” como ativo ambiental, social e econômico. Estima-se que, ao longo de sua execução, a restauração gere uma receita total de R$ 869 milhões, além de fortalecer a preservação ambiental e a luta contra o desmatamento.
De acordo com dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará já obteve resultados expressivos na redução do desmatamento. Entre julho de 2023 e agosto de 2024, o estado registrou 28,4% de queda na degradação ambiental, índice que reforça a eficácia de políticas públicas direcionadas à vigilância territorial.
Pará Rumo à COP 30
A estratégia ambiental integrada fortalece a imagem do Pará como protagonista global na luta contra as mudanças climáticas. O estado se prepara para sediar a COP 30, conferência internacional que discutirá ações para a sustentabilidade e enfrentamento da crise climática. A concessão, de alcance pioneiro, se apresenta como uma contribuição relevante para reforçar as metas de reflorestamento e preservação.
“O projeto desenvolvido pela Systemica coloca o Brasil em uma nova perspectiva na agenda ambiental. Se bem-sucedido, esse modelo poderá ser ampliado e replicado em outras regiões, cumprindo as metas nacionais de combate ao desmatamento e à degradação ambiental”, afirmou Andrea Resende, gerente de investimentos da consultoria Impact Earth.
Um Modelo Sustentável
Além do impacto ambiental positivo, a concessão introduz um mecanismo inovador de governança que une esforços da iniciativa privada e do setor público. O modelo garante a preservação de áreas públicas, a valorização da biodiversidade, o manejo sustentável dos recursos naturais e o incentivo a práticas econômicas que respeitam o equilíbrio ecológico.
“Acreditamos que a restauração florestal, com a inclusão de comunidades locais e o uso de biodiversidade nativa, é a solução mais viável para transformar áreas degradadas em ativos produtivos e ambientais”, destacou Soares.
Próximas Concessões
O Governo do Pará já planeja lançar novos editais de concessão com foco no reflorestamento e na recuperação ambiental da APA Triunfo do Xingu. A iniciativa mostra como é possível conciliar desenvolvimento econômico, proteção ambiental e protagonismo global no combate às mudanças climáticas.
O desafio agora é demonstrar que o modelo adotado no Pará pode ser ampliado para outros estados e regiões, consolidando o Brasil como referência em sustentabilidade e conservação de seus recursos naturais.
Fonte: Agência Pará