Os pecuaristas brasileiros estão vivenciando um cenário desafiador ao buscarem bezerros de boa qualidade, conhecidos como “de cabeceira”. Com o preço do bezerro ultrapassando R$ 465 por arroba, a última semana de novembro de 2024 marcou uma nova alta nos preços de reposição, especialmente nos bezerros, devido à forte demanda e oferta restrita.
Dados do Cepea e da Scot Consultoria revelam uma valorização generalizada nas categorias de bovinos anelorados, com destaque para os bezerros de desmama e de ano, que tiveram aumentos expressivos em diversas regiões do Brasil. O poder de compra do pecuarista, que havia melhorado nos últimos quatro meses, sofreu uma retração em novembro, exigindo mais arrobas de boi gordo para adquirir um bezerro.
A escassez de bezerros é atribuída às baixas taxas de retenção e à redução na produção em anos anteriores, exacerbando o desequilíbrio entre oferta e demanda e intensificando a competição entre compradores. Em Minas Gerais, o preço do bezerro de desmama (6,5 arrobas) alcançou R$ 2.650,00 por cabeça, um aumento de 20,5% em apenas um mês. O bezerro de ano (8,0 arrobas) teve uma alta de 23,1%, cotado a R$ 3.200,00 por cabeça.
No Mato Grosso do Sul, o indicador Cepea/BM&FBovespa fechou novembro em R$ 2.705,76 por cabeça, com valorização mensal de 12,32%. O preço alcançou uma média histórica de R$ 2.664,00 por cabeça, ou R$ 446,00 por arroba, consolidando um cenário de preços elevados.
Em São Paulo, a evolução dos preços ao longo de 12 meses culminou em uma alta de aproximadamente 23,8%, com o valor médio por bezerro passando de R$ 1.992,24 em dezembro de 2023 para R$ 2.467,00 em novembro de 2024. Esse aumento reflete a recuperação das pastagens e a crescente demanda por reposição.
Apesar das chuvas recentes e da recuperação das pastagens, a oferta de bezerros permanece insuficiente para atender à demanda, pressionando ainda mais os preços. Pecuaristas que adiaram suas compras encontram dificuldades em adquirir animais de qualidade, agravando o desequilíbrio de mercado. Em regiões como o Mato Grosso do Sul, a falta de pasto em algumas fazendas limita a reposição, forçando a escolha por categorias mais maduras.
O desempenho do boi gordo também contribui para a alta nos preços dos bezerros. Em novembro, o preço da arroba atingiu R$ 338,76, o maior valor nominal para o período, 44,2% acima da média de novembro do ano anterior. Embora haja um leve recuo no mercado futuro, a forte demanda interna e externa por carne mantém a valorização do boi gordo.
Outras categorias de reposição também experimentaram aumentos significativos. O garrote (10,0 arrobas) subiu para R$ 3.725,00 por cabeça, um aumento de 24,2%, enquanto o boi magro (12,5 arrobas) foi cotado a R$ 4.044,50 por cabeça, um crescimento de 9,3%. As categorias femininas tiveram valorizações expressivas, com a vaca boiadeira (11,0 arrobas) registrando alta de 32,0% em Minas Gerais, cotada a R$ 3.352,53 por cabeça. A novilha (9,0 arrobas) e a bezerra de desmama (6,0 arrobas) também se destacaram, com aumentos de 20,5% e 24,2%, respectivamente.
Especialistas indicam que, apesar da valorização contínua, o mercado pode estabilizar nas próximas semanas, dependendo da oferta e da liquidez no mercado de carne bovina. Entretanto, a alta demanda e a recuperação das pastagens sugerem que os preços devem se manter firmes nas categorias de reposição. Para o Diretor de Conteúdo do Compre Rural, Thiago Pereira, “o bezerro é um ativo valorizado que reflete o apetite do mercado e a complexa dinâmica entre oferta, demanda e clima”. Pecuaristas devem avaliar cuidadosamente suas estratégias de reposição, considerando os custos e o cenário de preços elevados.
Fonte: CompreRural – Portal de Conteúdo Rural