Enquanto os preços internacionais da soja registraram quedas significativas na última semana, o mercado brasileiro segue em alta. O comportamento resistente do mercado doméstico é explicado por fatores como a valorização do dólar frente ao real e tensões comerciais globais, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Queda no Mercado Internacional
Nos últimos dias, as cotações da soja recuaram no mercado internacional, resultado das condições climáticas favoráveis às colheitas nos Estados Unidos e de estoques mais elevados no Brasil e na Argentina. Esses fatores contribuíram para diminuir a pressão de preços nas bolsas internacionais.
Adicionalmente, o Cepea destaca que as tarifas de importação e exportação impostas pelo governo norte-americano a diversos países, incluindo o Brasil, influenciaram negativamente a valorização do grão nos mercados globais. Essas tarifas, que entram em vigor em 1º de agosto, colocaram um peso adicional sobre as cotações externas, aumentando a competitividade do produto agrícola brasileiro.
Mercado Interno Resiste à Pressão
Apesar do cenário global pressionado, o preço da soja no Brasil manteve-se firme. Pesquisadores do Cepea apontam que as tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais — incluindo países importadores de grãos — redirecionaram parte da demanda da soja norte-americana para o mercado brasileiro.
A alta do dólar frente ao real também tem fortalecido o mercado interno, tornando as exportações brasileiras mais competitivas. Isso mantém o produto nacional atrativo para compradores estrangeiros, sustentando os níveis de preços pagos aos produtores locais.
Contexto Climático e Estoques Elevados
Além dos fatores comerciais, as condições climáticas favoráveis nas lavouras norte-americanas e os volumes expressivos de produção acumulados no Brasil e na Argentina reforçam o cenário de baixa nos preços internacionais. No entanto, o Brasil segue aproveitando as oportunidades que surgem com o redirecionamento de demanda.
Perspectivas para o Mercado Brasileiro
A tensão entre os Estados Unidos e países importadores de grãos, somada à desvalorização do real, pode ampliar ainda mais a procura pela soja no Brasil nas próximas semanas. Além disso, a proximidade da entrada em vigor das tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano pode criar uma nova dinâmica no fluxo global do comércio de grãos, beneficiando as exportações brasileiras.
Especialistas observam que, embora o mercado interno esteja momentaneamente aquecido, o cenário exige cautela, uma vez que as condições climáticas e os movimentos macroeconômicos seguem como variáveis que podem surpreender a curto e médio prazo.
Conclusão
Combinando competitividade internacional devido à valorização cambial e aumento da demanda redirecionada, o mercado de soja no Brasil permanece resiliente frente às oscilações externas. No entanto, produtores e exportadores devem monitorar as próximas movimentações nos principais mercados globais, buscando estratégias para manter o equilíbrio diante de possíveis novos desafios no cenário comercial e climático.
Fonte: Agro Estadão
