O início de julho trouxe um cenário de forte pressão sobre os preços do milho no mercado nacional. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as cotações do cereal estão nos menores níveis registrados em 2025 em grande parte das regiões acompanhadas.
A queda nos preços reflete um aumento expressivo na oferta do grão no mercado spot, além da maior flexibilidade dos vendedores nas negociações. Apesar do ritmo da colheita da segunda safra estar inferior ao observado no ano passado, a capacidade de armazenagem já está sendo colocada à prova, forçando produtores a negociar o produto em condições menos favoráveis.
Exportações em Baixa Agravam o Cenário
Outro fator que contribui para a queda nos preços está relacionado à baixa paridade de exportação. O enfraquecimento das operações no mercado externo limita as possibilidades de escoamento da produção brasileira, aumentando a pressão sobre o mercado interno.
De acordo com analistas do Cepea, o comportamento da demanda também colabora para a desvalorização do milho. “Muitos compradores têm optado por adquirir apenas lotes pontuais, necessários para o consumo imediato, esperando que os preços continuem a cair nas próximas semanas”, explica o centro de pesquisa.
Colheita e Estoques em Foco
Enquanto produtores avançam gradualmente na colheita da segunda safra, a atenção se volta para o desafio de armazenagem. As restrições nos espaços disponíveis intensificam a necessidade de rápidas movimentações no mercado, o que pressiona ainda mais os preços para níveis baixos.
Mesmo diante desse cenário desafiador, espera-se que a oferta em níveis elevados siga ditando as condições do mercado no curto prazo. Compradores continuam aproveitando as oportunidades para negociar a preços mais competitivos, criando uma dinâmica favorável para quem consome o grão, mas desafiadora para os produtores.
Perspectivas
Com o cenário atual, a expectativa é que as cotações continuem pressionadas, a menos que aconteçam mudanças significativas na dinâmica das exportações ou na demanda interna. O desempenho das exportações será um fator determinante para o equilíbrio do mercado, considerando que uma retomada no volume destinado ao mercado externo pode ajudar a aliviar o excesso de oferta no mercado doméstico.
Enquanto isso, especialistas recomendam atenção ao comportamento climático e às condições logísticas, que podem influenciar diretamente no ritmo de colheita e na comercialização do milho nos próximos meses.
O contexto apresenta um desafio duplo: por um lado, há oportunidades para compradores aproveitarem preços baixos; por outro, produtores enfrentam dificuldades para manter margens sustentáveis diante de custos de produção que continuam elevados.
Fonte: Agro Estadão