Em abril, a cidade de Redenção, na região de integração do Araguaia, foi marcada por um momento de muita emoção, solidariedade e amor com mais uma doação de órgãos para ajudar pacientes que aguardam transplante no estado. Na terça-feira, 2 de abril, após a autorização da família do doador, foi realizada uma cirurgia de três horas no Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA) para retirada de órgãos resultando na doação de fígado, rins e córneas. Durante o procedimento cirúrgico, uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) e outra do Grupo Aéreo do Estado do Pará (Graesp) aguardavam para transportar a equipe e os órgãos para o Rio de Janeiro (fígado) e Belém (rins e córneas), respectivamente.
Para que isso fosse possível, foi necessária uma força-tarefa envolvendo diversos profissionais de saúde, a Força Aérea Brasileira (FAB), a equipe da Central Estadual de Transplantes (CET) e um grande grupo de pessoas que viabilizaram de forma rápida e ética a retirada dos órgãos.
“A doação de órgãos é comparada a uma engrenagem com a participação de dezenas de pessoas, cada uma atuando especificamente em cada etapa do processo, onde só se pode passar para a próxima etapa se tudo der certo na fase que está sendo executada. E para que isso aconteça, todos os profissionais envolvidos precisam atuar de forma harmônica, e a Central Estadual de Transplantes/SESPA tem a responsabilidade de coordenar todo o processo à luz da legislação brasileira e das diretrizes estaduais”, afirma Ierecê Miranda, coordenadora do Centro de Transplantes do Pará.
Nada disso seria possível se a família não entendesse o processo e, assim, decidisse dar à luz outras pessoas e suas famílias”, disse Evandro Oliveira Rodrigues de Souza, médico residente de UTI, especialista em clínica médica e presidente da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HRPA.
A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) foi criada para viabilizar e incentivar esses processos de doação de órgãos, e conta com diversos profissionais de saúde atuando diariamente de forma humanizada com as rotinas e protocolos que viabilizam o processo de doação de órgãos e tecidos.
“Ter uma comissão responsável exclusivamente pela doação de órgãos é de extrema importância para alcançar resultados favoráveis em salvar ou proporcionar uma melhor qualidade de vida para tantas pessoas que aguardam em listas de transplante e, por isso, a dedicação dos profissionais nessa causa é fundamental”, comentou Evandro de Souza.
O médico Evandro de Souza explica que o processo envolve diversos especialistas em saúde. Após o diagnóstico de morte encefálica, a equipe médica inicia o protocolo humanizado, que é o momento em que a família recebe a notícia e pode decidir sobre a doação de órgãos ou não. Esse processo é acompanhado pela equipe de psicólogos, que fornecem apoio psicossocial durante todo o processo de tomada de decisão.
Além disso, o HRPA também oferece à família visitas humanizadas, nas quais os familiares podem ampliar o tempo de acompanhamento e permitir que mais familiares se despeçam de seus entes queridos.
“O papel da psicologia é um dos principais auxiliares nesse processo, pois acompanha as etapas de tomada de decisão e doação do início ao fim, oferecendo todo o suporte necessário que a família precisa. Além de acolher desejos religiosos e ajudar no processo de ressignificação do luto”, disse Cecília Alves de Oliveira, psicóloga do CIHDOTT.
“Esperávamos um milagre, mas o que não entendíamos é que a morte dela seria o verdadeiro milagre, possibilitando que outras três pessoas e suas famílias renascessem e tivessem uma nova vida através dos órgãos da minha mãe”, disse Arnaldo Junior, filho do paciente doador.
(Fonte: Ag Pará)